terça-feira, 19 de setembro de 2006

Homenagem

O dia 15 de Setembro deste ano, volta para o Mundo da Verdadeira Luz, em Concepción-Chile meu grande amigo e companheiro na música, no caminho espiritual (nunca esquecerei esses retiros espirituais na cordilhera dos Andes em aqueles duros e frios dias de inverno) e na luta por mudar este mundo por uno melhor, mais justo e mais humano e do inicio no Karatê na segunda metade da década dos anos 70 , Francisco Raimundo Contreras Saavedra, vá aqui a minha homenagem para meu carismático kohai e amigo parceiro musical e companheiro de utópicas revoluções.
Hasta la vista Amigo!
Sensei

quinta-feira, 8 de junho de 2006

Autor Anônimo

Para invalidar a autoridade predominante, não reaga a ela. Aquele que carrega os simbolos da autoridade não necessariamente a possui.
Rudeza é o limite da força de uma pessoa fraca.

terça-feira, 6 de junho de 2006

Edwin Arnold disse...

Como sementes ocultas que brotam depois de anos de seca, o bem e o mal, a dor e o prazer, o ódio e o amor
e todas as ações adormecidas voltam a brotar, exibindo folhas brilhantes ou opacas, frutos doces ou ácidos.

Ditado chinês

"Faze tudo quanto possas e deixa que a Providência encarregue-se do resto "

Longfellow disse...

Qualquer ação, seja vil ou justa, uma vez cometida,
deixa em algum lugar uma marca, como uma benção ou maldição.

Zen-Budismo

Depois do nirvana do Tathagata,
existirá no futuro um ser,
escuta-me com atenção, oh! Maramati,
um ser que manterá minha lei.
No grande país do Sul
Haverá um venerável bhiksu
Chamado o bodhisatva Nagarjuna,
Que destruirá as idéias das astikas e naskitas,
Pregará aos seres humanos minha yana,
A Lei suprema do mahayana,
E alcançará o pramúdita-bhumi.

Chuang Tse disse...

"A quietude dos sábios não procede de uma habilidade que tenham adquirido, mas nada perturba suas mentes, por isso estão em calma. Quando a água está em calma, sua claridade mostra a barba e as sobrecelhas daquele que a comtempla. É um nível perfeito e o melhor artesão adota sua regra. Se a claridade da água é tão imensa, quanto mais não será a do espírito humano! A mente do sábio, em calma, é o espelho do céu e da terra, o espelho de todas as coisas".

Paralelo Confucionismo-Budismo

As cinco virtudes cardinais do Confucionismo parecem-se muito com os cinco preceitos do Budismo, como se aprecia nesta tabela:

Virtudes Preceitos
1.- Humanidade 1.- Não tirar a vida
2.- Retidão 2.- Não roubar
3.- Correção 3.- Não cometer adultério
4.- Sabedoria 4.- Não tomar bebidas alcoólicas
5.- Sinceridade 5.- Não mentir

Pergunta a Po-Chiang (Hyakujo)

"Como posso aprender a Lei? Ó mestre respondeu-lhe: "Come quando tiveres fome, dorme quando estiveres cansado. A pessoa quando está à mesa não somente come, mas também pensa em centenas de coisas e, ao deitar-se, não apenas dorme, mas também pensa em milhares de coisas".

terça-feira, 30 de maio de 2006

Outros Mares

Um peixe disse a outro peixe: Fora de nosso mar, existe outro mar, com criaturas nadando nele - e vivem lá exatamente como vivemos aqui.
Ö outro replicou: "Pura fantasia! Pura fantasia! Não sabes que tudo o que se afasta do nosso mar, por uma polegada sequer, e lá fica, morre logo? Que prova tens de que existem outras vidas em outros mares?"
Gilbran Khalil Gibran

domingo, 28 de maio de 2006

A mente deve ficar livre

É essencial perder a mente[para libertarla].
-Shao Yung,filósofo chinês de século XI

O mestre de Zen, Takuan, dá a sua interpretação deste princípio no livro Sabeduria Imóvel, no qual recorre aos segredos do Zen para explicar os mistérios da arte da esgrima ao mestre espadachim Yagyu Munenori:
Existe o lema “procurar a mente perdida”, mas também existe o ditado: “É essencial perder [libertar] a mente.”O filósofo confuciano Meng Tzu [Mencius] comenta sobre procurar a mente “perdida”; procurar a mente que se extraviou para recuperá-la. Meng Tzu observa que, quando perdemos nosso cão, o nosso gato ou as nossas galinhas, fazemos o possível para encontrá-los e trazê-los de volta. Ele observa justamente o quanto é ultrajante, então que quando a mente – que é a faculdade mestra do corpo – envereda pelo caminho errado e se perde, não fazemos nehuma tentativa para encontrá-la e trazé-la de volta.
Shao Yung, ao contrário, defende que a mente precisa se perder. Shao Yung declara: “Caso se prenda a mente, como um gato a uma correia, ela perderá a sua liberdade de ir e vir. Use bem a mente, deixando-a livre para ir aonde queira, sem deixá-la presa ou ligada a nada.”Os novatos costumam manter um controle muito rígido sobre si mesmos. Eles desconfiam da idéia de abrir a mente e deixá-la agir livremente.
No entanto, devemos deixar a nossa mente vagar livremente, mesmo que ela busque lugares obscuros. A flor de lótus não se suja com a lama em que brota. Da mesma maneira, uma bola de cristal finamente polida deixada na lama é impermeável a manchas.
Controlar a mente com firmeza afugenta a sua liberdade. Manter a mente assim confinada pode ser um costume de novatos, mas mantê-lo pelo resto da vida nos impede de passar a um nivel superior, tendo como resultado uma vida malresolvida.
Assim, quando estamos em treinamento, inicialmente o ideal é seguir as recomendações de Meng Tzu, mas depois liberar a mente para seguir o caminho traçado por Shao Yung.

Encontro entre Confúcio e Lao Tsé (segundo Chen sien Tchoan )

Lao Tsé, sábio ilustre, morava às margens do Rio Lo. Sua doutrina, “Tao to tsing” ( Laço das Virtudes e do Método),
parecia estranha e era incomprendida pelo povo. Por esta razão, o soberano do Estado de Lu decidiu solicitar o concurso de Confúcio, que deveria procurar “o Velho”(assim era o apelido que tinha, devido ao fato de seus cabelos serem brancos desde a juventude) e dele receber conselhos e, se possível, alguns dos segredos que tornavam mais poderosos os membros da dinastia Chou.
Li Tan, nome verdadeiro de Lao Tsé, abandonara a convivência dos homens havia muito tempo e refugiara-se nas montanhas, vivendo em solidão. Tinha na ocasião cerca de setenta anos de idade e morava numa choupana de madeira nas proximidades do Rio Lo.
Levando presentes e companheiros, Confúcio, depois de longa viagem, chegou ao bosque em que residia “o Velho”.
Para maior fidelidade, transcreve-se aqui a íntegra de uma das versões da entrevista. Todas têm o mesmo sentido embora nem todas usem as mesmas palavras.
Confúcio: - Meus olhos estão turvos e não posso confiar-me neles. Vejo-te como uma árvore seca, abandonada de todos e a viver solitária”.
Lao Tsé: - “Sim; abandono meu corpo enquanto viajo sem parar pelas origens das coisas. Mas que desejas?”.
Confúcio:- “Venho em busca de uma doutrina que possa melhorar a sorte dos seres humanos; um método para instruí-los e transformá-los.
“” O Velho”sorriu e adjuntou:
- Os animais que se alimentam de ervas procuram por acaso melhorá-las? Os seres que vivem na água se preocupam em que ela seja melhor? E falas-me em melhorar os seres humanos.
- “- Ëles sofrem e eu quería fazê-los felizes.
- “- “Se a alegria e os pesares, se o descontentamento e a satisfação não perturbassem o espírito dos homens, estes se pareceriam então com o universo. A fronteira entre a felicidade e a desgraça desapareceria. Quando os homens compreenderem que o seu bem maior é serem semelhantes a todos os outros seres vivos serão felizes e não poderão perder esse bem : transformar-se-ão sem procurar fixar-se.”
- Confúcio objetou :
- -“Por tua virtude, unirias Céu e Terra. Mas a palavra, pela qual se modifica o espírito, e a nós transmitida pelos sábios antigos, é possível despojar-nos dela?.
- “Quando se trata do homem, com efeito, há que considerar que sua carne e seus ossos perecerão e se dissolverão, ao passo que suas palavras podem ser transmitidas enquanto existerem seres humanos.
- “Lao Tsë refletiu e continuou :
- “-Mas sem desembaraçar-nos da palavra, basta praticar o Não-Agir para que nossos verdadeiros talentos por si mesmos se revelem. Se o homem jamais procurasse modificar as coisas, estas não se alterarian por si mesmas; a terra é compacta por sua própia natureza; o sol e a lua, que brilham por si, pretendes modificá-los também?
- Ë acrecentou :
- - “Para conservar-se branca, a cegonha não precisa lavar-se;
- nem o corvo, tingirse de negro. Por que os homens teriam necessidade de estudar e inventar para penosamente modificar-se? De que lhes serviria isto? . Seria o mesmo que tocar o tambor para fazer ressuscitar um carneiro.
- “Lao Tsé mudou o asunto e perguntou a Confúcio quais as tradições que estudara.
- Respondendo que havia dedicado horas ao estudo de “ I tsing “ e o “Laço das Mutações”, que ancestrais sagrados haviam estudado, Lao Tsé afirmou:
- “Esses princípios são a Eqüidade e a Reciprocidade, admiráveis regras sem dúvida.
- “_ “Certo. Em minha opinião, porém, esses princípios, não são admiráveis. Do mesmo modo que os mosquitos, que durante a noite não nos deixam dormir e nos picam, Eqüidade e Reciprocidade não servem senão para conturbar e irritar o coração do homem. Com esses princípios, transtorna-se o caráter do povo, eis tudo. Não se mudará em nada o seu infortúnio.
- “Indagou, Lao tsé, se Confúcio havia elaborado alguma doutrina e este declarou :
- - “Desde os vinte e sete anos estou em busca de uma e ainda a não encontrei.
- ” O Velho “ disse então :
- - “Vou dar-te quatro que são universalmente seguidas. A primeira : deixar-se tomar, e os homens deixam tomar-se; é a doutrina que os senhores ensinan. A segunda ordena deixar-se importunar e todos os homens deixam importunar-se; é a doutrina ensinada pela familia. A terceira manda acusar-se mutuamente e brigar uns com os outros, e todos os homens acusam-se uns aos outros; é a doutrina da fraternidade. Finalmente, a quarta determina trabalhar sem proveito para transmitir uma instrução vã e transmite a instrução; é a doutrina dos letrados. Não se pode delas escapar nem encontrar outras.
- “- “Apesar disto, os sábios elaboraram doutrinas e tu mesmo”...
- Interrompeu-lo Lao Tsé :
- -“Quando um Sábio chega ao momento de triunfar, ele trinfa. Atê que le surga a ocasião, permanece sem influência. Da mesma maneira que a melhor semente, quando ainda não germinou, fica escondida debaixo da terra que parece nua.
- “Levantando-se cortesmente para companhar o visitante, “o Velho” finalizou :
- “- Sempre ouço dizer que as pessoas ricas ou poderosas ao despedir-se dos hóspedes lhes oferecem objetos de valor; aquelas que têm apenas ciência proferem palavras preciosas. Não sou rico nem poderoso e robaria o renome de sábio. Não obstante, posso dizer-te isto : os homens inteligentes, os dotados de visão profunda das coisas, e mesmo aqueles que se avizinham do fim da vida gostam de criticar tudo e todos. Desse modo, porém, colocam em perigo o próprio corpo e atraem sobre si o ócio dos demais. Nada ganha o Sábio que se mistura no meio dos homens, mas pode tudo perder o ministro que o faz.
- “Confúcio despidiu-se e partiu para Lu, na manhã seguinte e durante três dias não disse palavra. Intrigado com o prolongado silêncio cheio de meditação, um discípulo dirigiu-se com perguntas ao Mestre. E ele ripostou :
- - “Acabo de ver um homem que alça a grandes alturas os seus pensamentos, que mais se assemelham ao voar de pássaros no azul. De minha parte, gosto de lançar os meus, um a um, como dardos de alabarda, sem errar jamais o alvo. Gosto que meus pensamentos fiéis sigam um caminho sempre rasteado e alcancem sempre a presa. Acabo de ver um homem cujas idéias sào tão misteriosas e innacessíveis como um abismo. Gosto que minhas idéias possam ser pescadas na ponta de uma linha e satisfaçam. Dos pássaros, sei que podem voar: é o que os distingue. Os peixes, sei, podem nadar; os quadrúpedes , galopar. Mas, sei também que posso pegar com uma armadilha o que galopa; com rede o que nada e, com flechas, o que voa. Com referência aos dragões, se eles voam com a tempestade ou cavalgam as nuvens na imensa pureza do céu. Vi Lao Tsé como quem contempla um dragão. O queixo caiu-me e não pude respirar. Meu espírito, extraviado, não sabia onde pousar.
- Ässim finaliza o episodio do encontro de Confúcio e Lao Tsé.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

O Pensamento Acima da Técnica

Um dia , o famoso mestre espadachim do século XVI, Tsukahara Bokuden, decidiu testar a capacidade dos seus filhos. Primeiro, chamou o primogênito, Hikoshiro, para o seu quarto. Ao empurrar a porta com o cotovelo para abri-la, Hikoshiro notou que ela parecia mais pesada que o habitual e, correndo a mào ao longo da sua borda superior, encontrou e removeu um pesada apoio de cabeça feito de madeira deixado ali, recolocando-o cuidadosamente no devido lugar depois de entrar ao quarto.

Bokuden, entào chamou o segundo filho, Hikogoro. Quando Hikogoro, sem desconfiar de nada, empurrou a porta, o apoio de cabeça caiu, mas ele mais de pressa o pegou e o devolveu ao seu lugar de descanso original.

Entào Bokuden chamou o terceiro filho, Hikoroku. Quando Hikoroku, que de longe ultrapassava os dois irmãos mais velhos em habilidade técnica,escancarou energicamente a porta, o apoio de cabeça caiu e bateu no seu topete. Em uma ação reflexa, Hikoroku sacou da espada curta à cintura e cortou em dois o apoio de cabeça antes que batesse na esteira de tatami do chão.

Bokuden disse aos filhos: “Hikoshiro, o único que pratica nosso método do manejo da espada é você. Hikogoro, se você se exercitar e não desestir, algum dia poderá alcançar o nivel do seu irmão. Hikoroku, no futuro você seguramente causará a ruina desta casa e trará vergonha para o nome do seu pai. Não devo ter alguém tão imprudente quanto você em casa.” E com isso ele deserdou Hikoroku.

Essa história exemplifica o princípio segundo o qual nas artes marciais as faculdades mentais são mais importantes do que a técnica. Aquelas se sobrepõem a esta última.

Outra história bem conhecida pode ser citada para ilustrar o princípio do “pensamento acima da técnica”. Entre os discípulos de Bokuden havia um homem com uma habilidadetécnica extraordinária. Um dia, caminhando pela rua, aconteceu de esse discípulo passar por um cavalo muito arisco, que derrepente o escoiceou; mas o discípulo imediatamente se virou, evitando o golpe e escapando ileso da agressão. Os espectadores que testimunharam o incidente comentaram: “Ele bem merece ser considerado o maior discípulo de Bokuden. Se Bokuden não legar os seus segredos a ele, seguramente não legará a mais ninguém.”

Bokuden, porém, quando ouviu falar do incidente, ficou desapontado e declarou:”Eu me enganei quanto ele”, e expulsou o discípulo da escola.

As pessoas não conseguiram entender o raciocício de Bokuden e concluíram que não poderiam fazer nada além de observar o modo como o próprio Bokuden se comportaria em circunstâncias semelhantes.

Para tanto, as pessoas amarraram um cavalo extremamente sensível a uma carroça deixada numa rua pela qual sabiam que Bokuden passaria e ficaram observando-o secretamente de longe. No entanto, elas viram Bokuden passar, conservando uma boa distância do cavalo e atravessando a rua do outro lado.

Surpresas com o resusltado inesperado, as pessoas, mais tarde, acabaram confessando o seu ardil e perguntando a Bokuden a razão da súbita dispensa do discípulo.

Bokuden respondeu:”Uma pessoa com uma atitude mental que lhe permite passar negligentemente por um cavalo sem considerar que o animal possa recuar para cima dela é uma causa perdida, não importa o quanto estude a técnica. Pensei que ele fosse uma pessoa muito mais ajuizada, mas me enganei.

quarta-feira, 17 de maio de 2006

A Cançao das Metades (Li Mi-an)

Atê agora, a maior metade atravessei
desta vida flutuante - eis a palavra mágica:
pois nos veda provar alegrías além
do que podemos ter! A metade da vida
é o período melhor a que alguém chega,
quando sabe andar devagar e, assim, anda em sossego.

Vasto mundo terás meio entre céu e a terra;
mora a meio caminho entre a cidade e o campo
tem lavouras a meio entre rios e montanhas;
sê meio intelectual, meio fidalgo e meio
comerciante; vive em meio aos que são nobres,
mas também em meio do povinho comum.
Seja tua casa meio ornada, meio simples
e, tendo móveis bons, pareça meio nua;
tuas roupas, meio antigas e meio novas;
as refeições, meio triviais, mas meio epicúristas.
Ten criados não muito astutos, nem estúpidos;
mulher não muito feia nem bela em excesso.
Sinto em meu coraçào que, assim, sou meio Buda
quase meio bendito espírito taoísta.
Metade do que sou ao Pai do céu devolvo
e a outra metade deixo a minha descendência,
meio pensando em tudo o que é mister prover
para a posteridade e meio preocupado
em como responder a Deus depois que o corpo
afinal repousar.

É mais destro em beber quem só meio ébrio fica,
e a flor entreabrir-se mais linda se revela;
mais firme é o navegar do barco a meia vela;
melhor trota o corcel de rédeas meio presas.
Quem tem meios demais, soma-lhes ansiedade;
quem de menos os tem, ganha sabor de posse.
Como a vida se faz de doçura e amargor,
quem só a metade prova é mais arguto e sábio.

Hui Neng escreveu...

Não há árvore Bodhi,
nem o cessar do brilho do espelho.
Sendo tudo vazio, onde
poderia assentar o pó?

Shen Hsiu escreveu...

Este corpo é a árvore Bodhi,
A mente é como um espelho iliminado;
Empenhai-vos em mantê-la sempre limpa
Sem deixar que nela se junte pó.

Conversação com os Netos

Um velho cacique de uma tribu estava tendo uma conversa acerca da vida com seus netos.
Disse-lhes: "Uma grande luta está acontecendo no meu interior e é entre dois lobos. Um dos lobos representa a maldade, o temor, a raiva, a inveja, a dor, o rancor, a avareza, a arrogância, a culpa, o ressentimento, a inferioridade, a mentira o orgulho, a competição e a superioridade. O outro, a bondade, a alegria, a paz, o amor, a esperança, a serenidade, a humildade, a doçura, a generocidade, a benevolência, a amizade, a verdade, a compaixão e a fé. Esta mesma luta está ocorrendo dentro de vocês e dentro de todos os seres da terra.
"Pensaram por um minuto e um dos meninos perguntou a seu avô:"Avô, me responda: qual dos dois lobos ganhará?" E o velho cacique respondeu simplesmente: AQUELE QUE ALIMENTES." (extraído do
livro Aikido - O desafio do Conflito-do mestre Masafumi Sakanashi)

sábado, 6 de maio de 2006

As quatro etapas da meditação

-Concentração da luz
-Começo do renascimento no espaço da força
-Liberação do corpo espíritu para uma existência autónoma
-O centro em meio das circunstâncias

A Fórmula de Yu Tsing

"Quatro palavras cristalizam o espíritu no espaço da força.
No sexto mês repentinamente se vê voar a neve branca.
Á terceira vigília vê-se, ofuscante, brilhar o disco do sol.
Sopra na água o vento do suave.
Peregrinando no cëu, come-se a força-espíritu do receptivo.
E o segredo mais profundo ainda do segredo:
O país que não fica em parte alguma é a pátria verdadeira..."

Como deter as efluxões

Se queseres completar o corpo diamantino sem efluxões,
Deves aquecer diligentemente a raiz da consciência e da vida.
Deves iluminar a terra bem-aventurada e sempre vizinha.
E nela deixar sempre escondido teu verdadeiro eu.

O Embrião do Tao

Segundo a lei, mas sem esforço, devemos iluminar-nos por
dentro com toda diligência.
Esqueçendo a forma exterior, olha para dentro e auxilia o
verdadeiro poder do espíritu!
Durante dez meses o embrião do Tao fica sob o fogo.
Depois de um ano as abluções e banhos acham-se aquecidos

As Duas Linhas de Força da Função e do Controle

Aparece o caminho do aumentar e do disminuir da fronteira
originária.
Não esqueças o trilho branco sob o movimento circular da
luz segundo o código!
Permite que o fogo alimente sempre a caverna da vida eterna!
Ah, experimenta a fronteira imortal da luminosa pérola!

O rosto voltado para a parede

As formas configuradas através do fogo-espíritu são meras
cores e formas.
A luz do ser brilha de volta para o originário, o verdadeiro
O sinal impresso do coração paira no espaço, brilha puro
o luar.
A canoa da vida chegou á margem, clara cintila a luz do sol.

Como formar o corpo transmutado

Todo pensamento parcial se configura e se torna visível
em cor e forma.
A força anímica total desdobra suas marcas e se transforma
no vazio.
Saindo do ser e entrando no não-ser se consuma o
maravilhoso Tao.
Todos as formas divididas aparecem como corpos, ligados
a uma verdadeira Fonte.

O Nascimento do Fruto

Fora do corpo há um corpo que se chama a imagem de Buda.
O pensamento que é poderoso, a ausência de pensamentos
e Bodhi.
A flor de lótus de mil pétalas desabrocha, transformada pela
força do alento.
Um brilho mil vezes desdobrado cintila através da
cristalização do espíritu.

A infinitude vazia

Sem começo, sem fim,
Sem passado, sem futuro.
Um clarão de luz circunda o mundo do espíritu.
Esquecemo-nos uns dos outros, puros, silenciosos,
vazios e onipotentes.
O vazio é atravessado pelo brilho do coração celeste.
Lisa é a agua do mar e a lua se espelha em sua superfície.
Apagam-se as nuvens no espaço azul; lúcidas, cintilam
as montanhas.
A consciência se dissolve em contemplação.
Solitário, repousa o disco da lua

quinta-feira, 4 de maio de 2006

A imagem do Buda

Tenho uma imagem do Buda,
as pessoas mundanas não a conhecem.
Não é feita de barro nem tecido,
nem de madeira talhada,
nem foi modelada com argila ou cinzas.
Nehum artista pode pintar-la,
nem nehum ladrão roubá-la.
Existe desde o princípio dos tempos.
Está limpa sem ter sido limpa ou polida.
Ainda que não seja mais que uma,
divide-se em milhares, de milhões de formas.

quarta-feira, 3 de maio de 2006

Espiritu samurai dos monjes zen

Alguns dos bárbaros que haviam cruzado as fronteiras do estado dos Wan irrompieram no monastério de Tsu Yuen e o ameaçaram com a decapitação. Então, ele sentou-se tranqüilamente e preparou-se para enfrentar seu destino compondo os siguintes versos:

O céu e a terra não me oferecem nehum refúgio,
estou contente, o corpo e a alma são irreais.
Bem-vinda seja a tua espada, oh, guerreiro de Yuen! Sinto que
seu leal fio que reluz corta o vento primaveril!

Esse verso recorda-me a Sang Chao (Sojo), que quando estava a ponto de morrer sob a espada de um bandoleiro, expressou seus sentimentos nestes versos:

No corpo não há alma alguma.
A mente nào é em absoluto real.
Prova agora em mim o reluzente fio de tua espada,
pois sinto que cortas o vento primaveril.

Os bárbaros, conmovidos pela serena resolução e o majestoso porte de Tsu Yuen, supuseram que não devia tratar-se de uma pessoa comum e abandonaram o monastério sem lhe causar nehum mal.

Poema de Tokiyori

O regato flui transpondo suas margens,
o capim cresce mais verde que o musgo.
Ninguém chama á porta da minha humilde cabana na montanha,
porém, a porta abre-se apenas ao tocá-la o vento

Conto Zen

Masashige era um praticante de Zen e, antes de sua última batalha,mandou chamar Chu Tsu ( Soshum) para receber suas instruções finais. Masashige pergunto-lhe: "Que devo fazer quando a morte substitui a vida? " Seu mestre respondeu-lhe:

Sé valente,corta de um só golpe as amarras,

a espada desembainhada reluz contra os céus.

Ling Yun ( Reiun )

Estive buscando a luz durante muitos anos;
vi muitas primaveras e outonos.
Porém, desde que vi florescer o pessegueiro,
já não abrigo nenhuma dúvida.

A canção do sannyasin

Liberta-te das amarras, das correntes que te prendem
feitas de ouro reluzente ou de vil e obscuro metal.

Um escravo, seja açoitado ou acariciado, continua sendo um escravo,
Pois as correntes de ouro são tão fortes como as demais.

Poema Zen

Devo confessar que não sou mais que pó.
Porém,quando uma roseira brotou em mim,
lançou pequenas raízes, cobriu-se de florzinhas;
e toda a doçura da roseira espalhou-se
pela trama de meu manto;
por isso,transmito-te
meu perfume, quem quer que tu sejas.

sexta-feira, 28 de abril de 2006

As quatro nobres verdades de Buda

1.- A existencia do sofrimento
2.- O sofrimento têm uma origem( o desejo)
3.- Existe um caminho para extingir o sofrimento
4.- O caminho é o Outuplo Sendero

- Justa visão
- Justo pensamento
- Justa palavra
- Justa ação
- Justo modo de vida
- Justo esforço
- Justa atenção
- Justa meditação

domingo, 23 de abril de 2006

O Mistério do Zen

Certa vez, Huang Shan-ku perguntou ao mestre Hui-t'ang:
"Por favor, Mestre, diga-me qual é o significado oculto do Buddhismo?"
O Mestre replicou:
"Kung-Tzu (Confúcio) disse: 'Pensais que estou escondendo coisas, ó meus discípulos? Na verdade, não escondo nada de vocês'. O Zen também não tem nada de oculto. A Verdade já está revelada."
"Não enten...!" estava dizendo o homem. Mas o mestre fez um gesto de silêncio e disse:
"Não digas nada!"
Huang Shan-ku ficou confuso. O Mestre então ergueu-se e convidou-o a seguí-lo até o sopé de uma montanha. Eles caminharam em silêncio. Lá chegando, o Mestre perguntou:
"Sentes o suave aroma dos ciprestes?"
"Sim," disse o outro.
"Como vês, também eu não escondo nada de ti."

sábado, 22 de abril de 2006

O tesouro em casa

Um dia, um jovem chamado Yang Fu deixou sua família e lar para ir a Sze-Chuan visitar o Bodhisattva Wu-Ji. Ele sonhou que junto àquele mestre poderia encontrar um grande tesouro de sabedoria. Quando já se encontrava às portas da cidade, após uma longa viajem cheia de aventuras, encontrou um velho senhor.
Este lhe perguntou:
"Onde vais, jovem?"
"Vou estudar com Wu-Ji, o Bodhisattva." - respondeu o rapaz.
"Em vez de buscar um Bodhisattva, é mais maravilhoso encontrar Buddha."
Excitado com a perspectiva de encontrar o Grande Mestre, disse Yang Fu:
"Oh! Sabes onde encontrá-lo?!"
"Voltes para casa agora mesmo. Quando lá chegares, encontrarás uma pessoa usando uma manta e chinelos trocados, que lhe cumprimentará. Essa pessoa é o Buddha."
O rapaz pensou, aterrado: "Como posso retornar agora, quando estou às portas do meu objetivo? Eu teria que confiar muito no que este simples velho me diz".
Então Yang Fu teve uma forte intuição de que aquele simples homem à sua frente era alguém de grande sabedoria. Num impulso, voltou-se para a estrada, sem jamais ter encontrado Wu-Ji. Ele retornou o mais rápido que pode, ansioso pela vontade de encontrar Buddha.
Chegou em casa tarde da noite, e sua amorosa mãe, em meio à alegria e pressa de abraçar o filho que retornava ao lar, cobriu-se de uma manta usada e calçou seus chinelos trocados.
Olhando para sua mãe desse modo, que vinha sorrindo e pronta a abraçá-lo, Yang Fu atingiu o Satori. Este era o maior tesouro.